Entre as tribos do norte de Natal, na África do Sul, a saudação mais comum, equivalente ao nosso popular "olá", é a expressão Sawu bona. Literalmente significa, "Te vejo." Sendo um membro da tribo, você poderia responder dizendo Sikhona, "Estou aqui." A ordem da troca é importante: até você me ver, eu não existo. É como se, ao me ver, você me fizesse existir.
Esse significado, implícito na língua, faz parte do espírito de ubuntu, uma disposição de espírito que prevalece entre os nativos da África abaixo do Saara. A palavra ubuntu provém do ditado popular Umuntu ngumuntu nagabantu, que, do zulu, traduz-se literalmente como: "Uma pessoa é uma pessoa por causa de outras pessoas” .• Se você cresce com essa perspectiva, sua identidade baseia-se no fato de que você é visto - que as pessoas em sua volta lhe respeitam e reconhecem como uma pessoa.
Durante os últimos anos na África do Sul, muitas empresas começaram a empregar gerentes que foram criados em regiões tribais. A ética ubuntu muitas vezes se choca sutilmente com a cultura dessas empresas. Num escritório, por exemplo, é perfeitamente normal passar por alguém no saguão e, enquanto distraído, não cumprimentá-lo. Sob a ética ubuntu, isso seria pior do que um sinal de desrespeito; indicaria que você achava que essa pessoa não existia. Não muito tempo atrás, um consultor interno que crescera num povoado rural, ficou visivelmente contrariado após uma reunião onde nada demais pareceu acontecer. Quando um projeto no qual ele havia tido um papel importante foi submetido à discussão, sua participação não foi mencionada ou reconhecida. Perguntado mais tarde por que isso o aborrecia tanto, ele respondeu: "Você não entende. Quando eles falaram acerca do projeto, eles não disseram meu nome. Eles não me tomaram uma pessoa." (Senge, Peter. Quinta disciplina, 2000).